A Fuga da Gangue de Hollywood

           Antes de começar preciso confessar que sabia, quando escolhi esses dois filmes para fazer uma comparação, o grande desafio que teria pela frente. Getaway e The Bling Ring não possuem praticamente, ou totalmente, nada em comum. As histórias são bastante diferentes, cada uma com seus ingredientes, cada uma com sua identidade. Enquanto Getaway é um filme de ação carregado de clichês e explosões surreais, The Bling Ring é um drama um tanto envolvente e bonito de se ver. Mesmo sabendo de todas essas diferenças, resolvi tentar formar uma linha tênue entre os dois, não prometo que meu texto fará sentido, mas vou tentar o máximo expor minha opinião. 
           Vou começar com The Bling Ring, filme estrelado por Emma Watson (Harry Potter, As Vantagens de Ser Invisível) e dirigido por Sofia Cappola. Um dos poucos motivos que me chamou atenção para ver esse filme provavelmente foi o fato de ser um grande fã da Emma, mas ao decorrer do tempo o filme me chamou atenção com outros artifícios. Sua premissa é intrigante e chamativa, como jovens garotos conseguirão assaltar casas de famosos de uma forma totalmente “natural”? Baseado em fatos reais a história é um marco nos EUA, a gangue realmente existiu e aterrorizou dezenas de famosos durante um tempo no país.


           Com essa premissa e atores consagrados no mercado hollywoodiano o filme é ótimo, certo? Errado. The Bling Ring deveria ser um filme dramático, deveria mexer com as emoções do espectadores, mas fica apenas no deveria. Sofia Cappola guia seu filme de uma forma totalmente vazia, superficial e flutuante. A sequência de imagens que inicia a produção é descente e totalmente na linha da premissa do filme, recortes de cenas de famosos misturados a cenas de produtos de grife e algumas cenas da gangue em ação nos dá um gostinho do que virá pela frente. 

Chole, Sam, Nicki, Rebecca e Marc. 

           O desenrolar do filme é de uma forma simples, “natural” e frustrante. Se por um lado a curiosidade sobre o porquê de tudo isso é grande, por outro a decepção com a resposta é maior ainda. Influenciado por Rebecca, Marc, novo aluno da escola de expulsos, é levado para um mundo de crimes aparentemente feitos por “diversão” e acaba totalmente vencido por essa adrenalina. Com pequenos furtos em casas de conhecidos e carros quaisquer a dupla inicia sua divertida e curta trajetória como The Bling Ring, que ao passar do tempo vem agregar mais integrantes. Nicki é uma das jovens que se agrega a gangue depois, interpretada dignamente pela Emma Watson, ela é uma das poucas personagens centradas e loucas ao mesmo tempo e isso é passado perfeitamente pela atriz que deu luz a personagem. Por falar em personagens, um dos poucos que deveria e necessitava de um total destaque era o Marc, que vem a ser usado porcamente no contexto geral do filme. Sua homossexualidade era um pano de fundo bastante interessante, levando em consideração o roteiro, para ser explorado, mas não foi. Vemos um personagem vazio, o que não é incomum durante todo o filme, sem muitas emoções e nenhum grande dilema pessoal que só quer se divertir e aprontar na noite. Por outro lado ele é o mais preocupado com tudo que está acontecendo. Complementando a gangue temos Chole e Sam que chegam a ser apenas coadjuvantes comparadas ao resto dos acontecimentos que rodeiam a produção, tanto que Sam nem é acusada dos furtos no fim das contas por falta de provas de seu envolvimento.

Não poderia deixar de colocar esse gif aqui, por motivos óbvios. 

            Com um roteiro fraco, uma direção singela, uma trilha sonora contagiante e atuações boas na medida do possível The Bling Ring consegue nos surpreender como um filme bom em determinadas partes. Uma fotografia em tons pasteis, cortes de cenas que nos levam para o passado e para o futuro e narrações em off nos guiam para um desfecho interessante onde temos uma das melhores cenas de toda produção, a cena do julgamento da gangue e a sequência que se segue são perfeitamente ideais para o momento. The Bling Ring entra na lista na minha lista de filmes “Que de tanto odiei, acabei amando”, junto com Spring Breakers.
           Selena Gomez, que estreou Spring Breakers, teve seu mais recente filme lançado em Agosto. Getaway é seu primeiro filme de ação e seu primeiro papel atuado de uma forma digna. Talvez aqui tenha uma ligação entre esses dois filmes. Tanto em The Bling Ring, quanto em Getaway temos duas atrizes marcadas por seus personagens “infantis” que tentam desesperadamente um destaque em produções mais adultas. Se em Spring Breakers Selena não se mostrou totalmente, apesar de estar quase semi-nua, em Getaway ela nos mostra uma faceta mais adulta e mais profissional. Já Emma Watson nos vem surpreendendo em suas escolhas desde As Vantagens de Ser Invisível, um dos grandes destaques de sua carreira pós-Harry Potter. 
Se The Bling Ring foi um sucesso de crítica e público, Getaway foi um total fracasso em ambos. A crítica esmagou o filme, o público nem deu oportunidade para o mesmo. Getaway é um filme de ação típico, explosões surreais, carros velozes, sistemas de computadores e uma busca quase infindável do mocinho por sua mulher são ingredientes bastante usados nesse tipo de filme e aqui se repetem mais uma vez.
             Contrariando tudo e todos, novamente, eu gostei do filme. Quero dizer, gostei da ideia desde que soube da existência do filme e gostei mais ainda por ter visto a Selena Gomez atuando de verdade nesta produção. Provavelmente vocês já perceberam que sou fã dela e como fã sempre desejo que ela se destaque em suas produções e aqui eu finalmente consegui isso.
Selena Gomez e Ethan Hawke

            O filme é dinâmico e muito urgente. Temos Brent Magna (Ethan Hawke), um ex-campeão de corrida profissional em uma missão quase suicida, seguindo ordem de uma voz misteriosa que comanda cada passo seu, para salvar sua esposa. O filme começa e termina com muita ação, o que acelera o ritmo do filme e nos deixa instigado para concluir o mesmo, as imagens são totalmente fantásticas em termos de produção e percebemos o quanto de dinheiro foi gasto nisso tudo. O roteiro, apesar dos pesares, é bem escrito, bem direto e objetivo. Destaque para os diálogos envolvendo Brent e a personagem da Selena, cujo qual não tem nome. Ambos estão totalmente entregues aos personagens e executam seus papéis dignamente bem. Um destaque maior para a personagem da Selena, que como já falei antes está muito bem construída e muito bem executada. A atriz nos mostra seu primeiro papel realmente adulto com maestria e empenho em extrair sua imagem de atriz infantil de uma vez por todas. 
             A voz exerce seu papel em transformar o filme em algo misterioso e urgente, mas peca em não se explicar totalmente e em parecer superficial em determinados momentos. Com um final um tanto surpreendente e enigmático, Getaway deixa claro o plano dos produtores para uma futura sequência do longo, o que pode não vir a acontecer devido ao baixo lucro arrecadado.

Selena Gomez fazendo a bandida. 

           No fim acabo encontrando mais uma semelhança (Ou seria diferença?) entre essas duas obras. Uma prometeu, teve público, mas não cumpriu. A outra, não prometeu, não teve público, mas cumpriu. É aqui que vemos o poder de uma boa ação de marketing.

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