Resenha #22: A Estrada da Noite
"Vou ‘vender’ o fantasma do meu padrasto pelo lance mais alto..."
Por 1.000 dólares, o roqueiro se torna o feliz proprietário do paletó de um morto, supostamente assombrado pelo espírito do antigo dono. Sempre às voltas com seus próprios fantasmas - o pai violento, as mulheres que usou e descartou, os colegas de banda que traiu -, Jude não tem medo de encarar mais um.
Mas tudo muda quando o paletó finalmente é entregue na sua casa, numa caixa preta em forma de coração. Desta vez, não se trata de uma curiosidade inofensiva nem de um fantasma imaginário. Sua presença é real e ameaçadora.
O espírito parece estar em todos os lugares, à espreita, balançando na mão cadavérica uma lâmina reluzente - verdadeira sentença de morte. O roqueiro logo descobre que o fantasma não entrou na sua vida por acaso e só sairá dela depois de se vingar. O morto é Craddock McDermott, o padrasto de uma fã que cometeu suicídio depois de ser abandonada por Jude.
Numa corrida desesperada para salvar sua vida, Jude faz as malas e cai na estrada com sua jovem namorada gótica. Durante a perseguição implacável do fantasma, o astro do rock é obrigado a enfrentar seu passado em busca de uma saída para o futuro. As verdadeiras motivações de vivos e mortos vão se revelando pouco a pouco em A Estrada da Noite - e nada é exatamente o que parece.
Ancorando o sobrenatural na realidade psicológica de personagens complexos e verossímeis, Joe Hill consegue um feito raro: em seu romance de estreia, já é considerado um novo mestre do suspense e do terror.
Nota:
Eu normalmente introduziria o livro sobre
o qual vou falar antes de mostrar a sinopse, mas a sinopse de A Estrada da
Noite é interessante, instigante e explicativa por si só.
Ano passado eu li O Pacto (Horns) do
mesmo autor – Joe Hill – e resenhei para o blog. Disse maravilhas do livro,
continuo achando-o maravilhoso, e decidi comprar o primeiro romance de Hill, Heart-Shaped Box, ou A Estrada da Noite
no Brasil. Olha, eu detestei como traduziram Horns para cá, O Pacto é algo que
não tem absolutamente nada a ver com a história e já fui até questionada quanto
ao título, mas vamos combinar que A Estada da Noite é um título muito melhor
para um livro de suspense/terror do que Heart-Shaped
Box. Ao menos uma vez acertaram em mudar o título da publicação original.
Um ponto em que sempre se toca ao
falar de Joe Hill é que o autor é filho do magnânimo Stephen King, Rei do
Suspense/Terror, absoluto em matéria de assustar criancinhas, e logo todo mundo
espera que o príncipe seja tão bom quanto o rei e um dia assuma a coroa do pai
e cuide de suas terras (ok eu vou parar com as piadinhas com King). A influência de Stephen King nos
livros de Joe Hill é óbvia, o estilo narrativo é parecido, a construção dos
personagens também, e o próprio Hill está sempre citando obras do pai quando
menciona seus livros favoritos.
Mas isso é uma resenha de "A Estrada
da Noite" e não uma Introdução ao Joe Hill, então vamos lá:
Judas Coyne é um roqueiro famoso e já
velho, o último remanescente de sua banda. Vive em uma fazenda com a sua
namorada, Geórgia, que veio depois de Flórida, e depois Tennessee... Jude gosta
de chamar as namoradas pelo nome do seu Estado de origem, um modo de lembrar a
elas (jovens, góticas, querendo esquecer a sua vida passada) quem elas
realmente são e de onde vieram. Jude não é um homem agradável. Machista,
violento e dono de uma coleção macabra que inclui uma fita de um assassinato
real.
Quando Jude compra o paletó de um
morto, onde era anunciado que um fantasma viria junto, ele não espera que,
realmente, um fantasma venha junto. E
muito menos que esse fantasma queira matá-lo. Acontece que ele é o padrasto de
Ana, a quem Jude chamava de Flórida e que cortou os pulsos em uma banheira
depois que Jude a chutou para fora de sua vida. O fantasma está a espreita em
todos os lugares e Jude não tem para onde correr.
Joe Hill apresenta um mocinho com
ares de vilão. Judas Coyne já fez e continua fazendo coisas desagradáveis, como
ansiar pela morte do pai e ter quase 60 anos e namorar jovens de 20, as quais
ele trata como pratos descartáveis. E ao mesmo tempo em que você sabe que
aquele homem não é um mocinho o leitor se vê torcendo para ele. Cenas em que
trafegamos pelo passado de Jude, pelos seus pensamentos mais profundos, por
fatos que teme confrontar, e até chegarmos a atitudes carinhosas e heroicas já
estamos em uma relação de cunho duplo com ele: não o aceitamos com todos os
seus defeitos, e amamos aqueles defeitos. Acima de tudo Jude é um personagem
real e Joe Hill consegue passar isso – todas as pessoas têm lados e momentos. A
construção dos personagens é uma das partes mais interessantes e gostosas da
história.
A narrativa de Hill é simples e os
capítulos sucintos tornam a leitura do livro de 256 páginas bastante rápida,
consegui terminar de lê-lo em três dias. É dividido em três partes: Cachorro Negro, Na Estrada e Vivos. A
primeira parte é perfeita, rápida, você consegue lê-la toda de uma vez e é a
melhor coisa no livro. Ele consegue fazer uma introdução que realmente prende
leitor. Na segunda, a história se arrasta um pouco e as deficiências do livro
começam a aparecer, a corrida fica maçante, as cenas repetitivas, e em Vivos o tom se repente. As revelações às
quais somos apresentados não são surpreendentes e nem mesmo parecem ser de
alguma importância, e o final poderia ter sido muito melhor. Eu daria uma nota
muito maior para o livro se tivesse sentido a poesia e a beleza dos finais de
Stephen King ali, como pude sentir em outros momentos da história. O final é simples demais. E talvez isso não seja
um erro, apenas estava fora das minhas expectativas, pois A Estrada da Noite é
um livro todo simples que fala sobre fantasmas e maldições (e não estou falando
do lado sobrenatural dos termos).
Não é um livro assustador. No máximo,
chega a dar um medinho se você ler a primeira parte muito tarde da noite. Nas
demais partes já estamos acostumados com a presença constante do fantasma e
Jude já sabe como... Bem, leiam para descobrir.
No fim eu gostei bastante do livro e
Joe Hill já entrou na minha lista de autores favoritos. É válido ressaltar que
você irá se envolver mais com a história se gosta de rock e de contos de
terror, embora seja possível apreciá-lo sem gostar de nada disso. Eu recomendo
O Pacto acima de A Estradada da Noite para quem quiser começar a ler o autor.
Oi! Li esse livro a uns dois anos, eu acho... Eu curti, mas nao muito. Tava esperando algo mais macabro, mais estilo Stephen King mesmo; terror absoluto. E o livro nao me deu isso. Concordo com o que voce falou sobre a simplicidade do final, tambem me incomodou. Enfim, é um livro que vale a pena a leitura, mas sem expectativas.
Beijokas
escolhasliterarias.blogspot.com.br
Ainda não conhecia esse livro.
Adorei o blog! Seguindo.
Isa
http://verbosdiversos.blogspot.com/