Resenha #22: A Estrada da Noite



Uma lenda do rock pesado, o cinquentão Judas Coyne coleciona objetos macabros: um livro de receitas para canibais, uma confissão de uma bruxa de 300 anos atrás, um laço usado num enforcamento, uma fita com cenas reais de assassinato. Por isso, quando fica sabendo de um estranho leilão na internet, ele não pensa duas vezes antes de fazer uma oferta. 
"Vou ‘vender’ o fantasma do meu padrasto pelo lance mais alto..."

Por 1.000 dólares, o roqueiro se torna o feliz proprietário do paletó de um morto, supostamente assombrado pelo espírito do antigo dono. Sempre às voltas com seus próprios fantasmas - o pai violento, as mulheres que usou e descartou, os colegas de banda que traiu -, Jude não tem medo de encarar mais um.

Mas tudo muda quando o paletó finalmente é entregue na sua casa, numa caixa preta em forma de coração. Desta vez, não se trata de uma curiosidade inofensiva nem de um fantasma imaginário. Sua presença é real e ameaçadora.

O espírito parece estar em todos os lugares, à espreita, balançando na mão cadavérica uma lâmina reluzente - verdadeira sentença de morte. O roqueiro logo descobre que o fantasma não entrou na sua vida por acaso e só sairá dela depois de se vingar. O morto é Craddock McDermott, o padrasto de uma fã que cometeu suicídio depois de ser abandonada por Jude.
Numa corrida desesperada para salvar sua vida, Jude faz as malas e cai na estrada com sua jovem namorada gótica. Durante a perseguição implacável do fantasma, o astro do rock é obrigado a enfrentar seu passado em busca de uma saída para o futuro. As verdadeiras motivações de vivos e mortos vão se revelando pouco a pouco em A Estrada da Noite - e nada é exatamente o que parece.
Ancorando o sobrenatural na realidade psicológica de personagens complexos e verossímeis, Joe Hill consegue um feito raro: em seu romance de estreia, já é considerado um novo mestre do suspense e do terror.

Nota:


Eu normalmente introduziria o livro sobre o qual vou falar antes de mostrar a sinopse, mas a sinopse de A Estrada da Noite é interessante, instigante e explicativa por si só.
Ano passado eu li O Pacto (Horns) do mesmo autor – Joe Hill – e resenhei para o blog. Disse maravilhas do livro, continuo achando-o maravilhoso, e decidi comprar o primeiro romance de Hill, Heart-Shaped Box, ou A Estrada da Noite no Brasil. Olha, eu detestei como traduziram Horns para cá, O Pacto é algo que não tem absolutamente nada a ver com a história e já fui até questionada quanto ao título, mas vamos combinar que A Estada da Noite é um título muito melhor para um livro de suspense/terror do que Heart-Shaped Box. Ao menos uma vez acertaram em mudar o título da publicação original.
Um ponto em que sempre se toca ao falar de Joe Hill é que o autor é filho do magnânimo Stephen King, Rei do Suspense/Terror, absoluto em matéria de assustar criancinhas, e logo todo mundo espera que o príncipe seja tão bom quanto o rei e um dia assuma a coroa do pai e cuide de suas terras (ok eu vou parar com as piadinhas com King). A influência de Stephen King nos livros de Joe Hill é óbvia, o estilo narrativo é parecido, a construção dos personagens também, e o próprio Hill está sempre citando obras do pai quando menciona seus livros favoritos.
Mas isso é uma resenha de "A Estrada da Noite" e não uma Introdução ao Joe Hill, então vamos lá:

Judas Coyne é um roqueiro famoso e já velho, o último remanescente de sua banda. Vive em uma fazenda com a sua namorada, Geórgia, que veio depois de Flórida, e depois Tennessee... Jude gosta de chamar as namoradas pelo nome do seu Estado de origem, um modo de lembrar a elas (jovens, góticas, querendo esquecer a sua vida passada) quem elas realmente são e de onde vieram. Jude não é um homem agradável. Machista, violento e dono de uma coleção macabra que inclui uma fita de um assassinato real.
Quando Jude compra o paletó de um morto, onde era anunciado que um fantasma viria junto, ele não espera que, realmente, um fantasma venha junto. E muito menos que esse fantasma queira matá-lo. Acontece que ele é o padrasto de Ana, a quem Jude chamava de Flórida e que cortou os pulsos em uma banheira depois que Jude a chutou para fora de sua vida. O fantasma está a espreita em todos os lugares e Jude não tem para onde correr.
Joe Hill apresenta um mocinho com ares de vilão. Judas Coyne já fez e continua fazendo coisas desagradáveis, como ansiar pela morte do pai e ter quase 60 anos e namorar jovens de 20, as quais ele trata como pratos descartáveis. E ao mesmo tempo em que você sabe que aquele homem não é um mocinho o leitor se vê torcendo para ele. Cenas em que trafegamos pelo passado de Jude, pelos seus pensamentos mais profundos, por fatos que teme confrontar, e até chegarmos a atitudes carinhosas e heroicas já estamos em uma relação de cunho duplo com ele: não o aceitamos com todos os seus defeitos, e amamos aqueles defeitos. Acima de tudo Jude é um personagem real e Joe Hill consegue passar isso – todas as pessoas têm lados e momentos. A construção dos personagens é uma das partes mais interessantes e gostosas da história.
A narrativa de Hill é simples e os capítulos sucintos tornam a leitura do livro de 256 páginas bastante rápida, consegui terminar de lê-lo em três dias. É dividido em três partes: Cachorro Negro, Na Estrada e Vivos. A primeira parte é perfeita, rápida, você consegue lê-la toda de uma vez e é a melhor coisa no livro. Ele consegue fazer uma introdução que realmente prende leitor. Na segunda, a história se arrasta um pouco e as deficiências do livro começam a aparecer, a corrida fica maçante, as cenas repetitivas, e em Vivos o tom se repente. As revelações às quais somos apresentados não são surpreendentes e nem mesmo parecem ser de alguma importância, e o final poderia ter sido muito melhor. Eu daria uma nota muito maior para o livro se tivesse sentido a poesia e a beleza dos finais de Stephen King ali, como pude sentir em outros momentos da história. O final é simples demais. E talvez isso não seja um erro, apenas estava fora das minhas expectativas, pois A Estrada da Noite é um livro todo simples que fala sobre fantasmas e maldições (e não estou falando do lado sobrenatural dos termos).
Não é um livro assustador. No máximo, chega a dar um medinho se você ler a primeira parte muito tarde da noite. Nas demais partes já estamos acostumados com a presença constante do fantasma e Jude já sabe como... Bem, leiam para descobrir.
No fim eu gostei bastante do livro e Joe Hill já entrou na minha lista de autores favoritos. É válido ressaltar que você irá se envolver mais com a história se gosta de rock e de contos de terror, embora seja possível apreciá-lo sem gostar de nada disso. Eu recomendo O Pacto acima de A Estradada da Noite para quem quiser começar a ler o autor.


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2 Comentários

  1. Amanda T. says:

    Oi! Li esse livro a uns dois anos, eu acho... Eu curti, mas nao muito. Tava esperando algo mais macabro, mais estilo Stephen King mesmo; terror absoluto. E o livro nao me deu isso. Concordo com o que voce falou sobre a simplicidade do final, tambem me incomodou. Enfim, é um livro que vale a pena a leitura, mas sem expectativas.

    Beijokas
    escolhasliterarias.blogspot.com.br

  2. Isa says:

    Ainda não conhecia esse livro.
    Adorei o blog! Seguindo.

    Isa
    http://verbosdiversos.blogspot.com/

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