Resenha #5: O Pacto
“Quando as pessoas que você ama lhe viram as costas e sua vida
se torna um inferno, ser o diabo não é tão mau assim”.
Sinopse do Skoob:
Os fãs de Stephen King vão senti-lo ao ler O Pacto, segundo livro de seu
filho Joe Hill. Que, aliás, fez uma grande justiça ao não assinar como Joe King
e vender com seu talento, não com seu sobrenome, apesar de ter sido esse fator
que despertou em mim curiosidade em ler esse livro (rs).
“Ignatius Perrish sempre foi um homem bom. Tinha uma família
unida e privilegiada, um irmão que era seu grande companheiro, um amigo
inseparável e, muito cedo, conheceu Merrin, o amor de sua vida. Até que uma
tragédia põe fim a toda essa felicidade: Merrin é estuprada e morta e ele passa
a ser o principal suspeito. Embora não haja evidências que o incriminem, também
não há nada que prove sua inocência. Todos na cidade acreditam que ele é um
monstro. Um ano depois, Ig acorda de uma bebedeira com uma dor de cabeça
infernal e chifres crescendo em suas têmporas. Descobre também algo assustador:
ao vê-lo, as pessoas não reagem com espanto e horror, como seria de esperar. Em
vez disso, entram numa espécie de transe e revelam seus pecados mais
inconfessáveis. Um médico, o padre, seus pais e até sua querida avó, ninguém
está imune a Ig. E todos estão contra ele. Porém, a mais dolorosa das
confissões é a de seu irmão, que sempre soube quem era o assassino de Merrin,
mas não podia contar a verdade. Até agora. Sozinho, sem ter aonde ir ou a quem
recorrer, Ig vai descobrir que, quando as pessoas que você ama lhe viram as
costas e sua vida se torna um inferno, ser o diabo não é tão mau assim.”
A narrativa de Joe Hill
é intensa. Logo nos primeiros capítulos, as descrições cruas do osso saindo da
testa de Ig e as bolsas de sangue sob a pele são de fazer o leitor mais fraco
se sentir mal. O jogo psicológico e o desenvolvimento dos personagens de Hill
foi herança do legado de seu pai, mas o estilo se distancia com o passar dos
capítulos.
A primeira vista, O
Pacto parece ser simples. A sinopse trata da primeira parte do livro (Inferno),
que é dividido em quatro partes perfeitamente sincronizadas, cada uma com dez
capítulos, e já traz boa parte da história: os chifres de Ig são capazes de
fazer as pessoas falarem de seus demônios particulares, na maior parte das
vezes referente ao próprio Ig. Todos o odeiam, todos acham que ele é um
assassino, os pais não aguentam olhar para ele, e seu irmão... Seu irmão,
Terry, sempre soube quem tinha matado Merrin: a pessoa que Ig mais amava e
admirava no mundo.
Apesar de parecer
simples, somente parece. O Pacto é um livro sobre amizade, traições, loucura, e
sobre demônios. Não aquelas criaturinhas vermelhas com chifres e rabos, mas
aqueles segredos perversos que você não revela nem para si mesmo.
Ignatus Perrish é um
personagem adorável. Bondoso, amável, preocupado, ingênuo, injustiçado. Não há
como não amá-lo. As mudanças em sua personalidade diante do nascimento dos
chifres (diante da verdadeira natureza humana) são distribuídas tão sutilmente
que, quando ele se torna um verdadeiro demônio, o leitor nota o quadro final
com um susto. Apesar de ser agora um diabo, Ig ainda guarda forças para se
preocupar com seu irmão, a quem não consegue odiar pelo que fez.
Lee Tourneau é o melhor amigo
e Ig. Quando eram crianças, Lee salvou a sua vida e a partir daí se tornaram
inseparáveis. Lee é diferente de Ig: quieto, calculista, modesto, complexo. Na
parte centrada nele (O Predestinado), nós descobrimos a verdadeira natureza de
Lee: Lee é louco, um perfeito psicopata. Todas as suas emoções são friamente
calculadas, a sua mente trabalha em um mundo particular, e há uma pergunta que
ele sempre se faz antes de agir: “O que Ig faria?”. O verdadeiro Lee Tourneau
existe por trás de uma máscara de humanidade.
Terry, Glenna e Merrin são
outros dos personagens centrais da trama, que gira em torno do grupo de amigos
de Ig e, como não havia de ser diferente, seu relacionamento com Merrin até seu
assassinato.
Durante suas quatro
partes – Inferno, Cereja, O Predestinado e Evangelho de Mick e Keith – O Pacto
é cu, cruel e diabólico. Não o classificaria como um livro de terror, na
verdade passa longe disso (apesar de algumas passagens perturbadoras), está
mais para um drama sombrio. Todos os personagens, sem exceção, foram lapidados
com afinco, o que torna tudo bastante verídico. Os amantes de música vão adorar
o livro, que é abarrotado de referências a grande ícones, pois o pai de Ig e
seu irmão são músicos, e o próprio Ig o teria sido não fosse por problemas de
saúde. Também há referências a filmes e livros
A história é viciante, é
difícil largar o livro depois que se começa a ler. O modo como Joe Hill narra é
fácil de engolir, mas resistente a digestão. Você não encontrará longas e cansativas
narrativas em O Pacto, tudo acontece num ritmo satisfatório. Quando finalmente
acabei de ler, fiquei com aquela sensação de “e agora?” que, sinceramente,
nenhum livro jamais tinha deixado em mim. O Pacto é lindo, é para ser
apreciado.
Um dos melhores livros
que li esse ano, papai King deve estar orgulhoso de sua prole.
"Pobre diabo..."
Nota: 5 ursinhos |
Renata Nolasco
Olá, tudo bem?
Eu adorei o seu blog, estou começando o meu agora e gostaria que você desse uma olhada de preferencia segui-se.
http://frenesidaspalavras.blogspot.com.br/
beijos.
Obrigada Mari! Ficamos muito feliz que tenha gostado tanto de nosso blog.
Beijos!
Adorei como fez a descrição do livro, me chamou a atenção. Quero muito ler. Parabéns pelo blog, ta incrivél.