Crítica #9: O Homem de Aço

                Pois é, meus amigos, eu finalmente vi. Depois de muito implorar por uma carona para a pré-estreia de horário abusivo, assisti O Homem de Aço. Quando me sentei ao lado de meu colega na sala de cinema, eu declarei: “o que nós vamos ver irá decidir o futuro da DC”. E quando os créditos finais começaram a rodar (por que fazer suspense? Vamos saber logo o que eu achei) foi difícil não soltar um elegante: “CHUPA MARVEL!”, ao que algum fã nas fileiras de baixo levantou-se e retorquiu: “ei, aqui ninguém fala mal da Marvel!”, para depois, na saída, com uma troca de olhares insinuante, sorrir e se dar por derrotado. “Está bem, o filme é bom. Te vejo na continuação”.
                Aviso que essa vai ser uma crítica um pouco longa, porque eu gostaria de fazer uma análise do que acabei de ver. São 2:40 da manhã nesse instante e não pude esperar amanhecer para escrever isso.

Nascido em Krypton, o pequeno Kal-El viveu pouco tempo em seu planeta natal. Percebendo que o planeta estava prestes a entrar em colapso, seu pai (Russell Crowe) o envia ainda bebê em uma nave espacial, rumo ao planeta Terra. Ao chegar ele é criado por Jonathan (Kevin Costner) e Martha Kent (Diane Lane), que passam a chamá-lo de Clark. Com o tempo ele demonstra ter uma força descomunal, o que amedronta seus pais. Eles pedem que ele jamais demonstre seus poderes, mesmo em situações de emergência, já que nem todos conseguirão compreendê-lo por ser diferente das demais pessoas. Ao crescer, Clark (Henry Cavill) se torna uma pessoa isolada e frustrada. Em meio aos seus problemas emocionais, ele resolve usar seus poderes para ajudar a humanidade e se torna o Super-Homem.
Nota:



                Você não irá ver um filme excelente em Man of Steel desde o começo. Na verdade, nos primeiros trinta minutos, ele não consegue ser sequer bom. Foi quando eu virei para meu colega e chorei (“Estamos ferrados, cara. Não era pra ser isso.”). O que Man of Steel tem de errado em sua introdução é o amontoado de informação. Diálogos rasos e corridos demais, atores que não parecem ter qualquer química na tela, um Jor-El (Russell Crowe) inexpressivo em uma Krypton a beira da destruição, e a fotografia... Fotografia digamos que inusitada (a Krypton dos quadrinhos sempre foi uma cidade de cristais, e somos apresentados a uma metrópole escura e mecanizada). Mas então temos o outro lado da coisa: Lara Lor-Van (Julia Ormond), mãe do bebê que um dia será Superman, chorando ao dizer adeus a seu filho, e a grande surpresa do longa que foi o General Zod (Michael Shannon) com um verdadeiro show de expressões faciais e gritos de ira. Um vilão para se amar e odiar desde os diálogos apressados e cenas pela metade do início do filme.


                A história é a seguinte: Krypton está para ser destruída, e enquanto Zod quer reerguer uma Krypton do seu próprio jeito, Jor-El (mostrando que o heroísmo vem do sangue) acredita que esse não é o melhor caminho e manda seu filho para a Terra com o objetivo de que, um dia, ele irá ser o futuro da raça.
                Assim que a nave de Kal-El toca o chão, nós temos um salto novamente apressado demais e já o vemos na idade adulta. Clark Kent peregrina pelo mundo como um anônimo buscando a chave de sua existência. Quem  é, de onde veio, qual a sua missão na Terra. Nessa breve introdução ao personagem, Zack Snyder toma uma decisão confusa e solta flashbacks da infância do herói em Smallville. Alguns bastante interessantes, como o pequeno Kal aprendendo a controlar a sua superaudição e visão de raio-x, mas que ficaram um pouco soltas demais.
Durante boa parte do filme vemos três fases da vida de Superman simultaneamente: sua infância, sua adolescência, e sua vida adulta (onde se passa a história).
Então a coisa começa a ficar boa. Lois Lane faz a sua rápida e sem sal aparição, e Clark finalmente encontra a “Fortaleza da Solidão” e tem um diálogo com a consciência de seu pai morto. Ele ganha o seu propósito e o seu uniforme.
Há quatro cenas no filme que para mim já valeram o ingresso e me fizeram esquecer completamente das falhas que vi no início. E é interessante como nessas cenas de maior tensão todo o áudio é cortado, de forma que o silêncio absoluto ajuda a criar a expectativa.

1-      A cena da primeira lição de voo, onde Clark aprende a desafiar as leis da gravidade e Snyder faz uma linda homenagem aos filmes do Christopher Reeve ao colocar Henry Carvill para observar a Terra do espaço e voar pela sua curvatura – uma cena que mostra o quanto Superman é Grandioso.


2-      A morte de Jonathan Kent (e isso não é um spoiler, pessoal, é quase como dizer que o Batman perde os pais, mas enfim). Não me aprofundarei aqui porque foi a segunda cena que mais mexeu com a plateia da minha sessão e mais detalhes estragariam a agonia do momento para vocês.

3-      A transmissão de aviso do Zod. É quando você pensa: putaquepariuqueviãofodameudeuszodparapresidente.



4-      A luta final.

A luta final... Ah, a luta final... A coisa começa a ser uma pancadaria séria quando o Zod inicia o seu monólogo cheio de ira que foi capaz de deixar a sala lotada em silêncio deslumbrado. Michael Shannon foi a melhor escolha do elenco e fez tudo de um jeito sério, profissional e de arrepiar. Então, quando ele tira a armadura e por baixo está usando o clássico uniforme dos quadrinhos a composição é de tirar o fôlego. A fotografia maravilhosa do filme se destaca na silhueta e diz para o espectador: “Sim, você está olhando para um kryptoniano em toda a sua grandeza. Sim, ele é um deus”.
O ápice da luta define o destino de Man of Steel. Talvez, se o final tivesse sido diferente, eu não teria gritado o meu “CHUPA MARVEL!”. É surpreendente, revoltante, extremamente corajoso e é a primeira vez na história dos filmes de super-heróis que algo tão inesperado é feito. E a reação foi adversa. Enquanto alguns exclamavam “NÃO! ELE É O HEROI! Isso não pode!”, outros – e eu – concordavam “SIM! Não há escolha!”.
Henry Carvill foi a minha mordida de língua. Enquanto do General Zod eu não esperava nada, de Superman eu tinha minhas dúvidas. Mas o ator conseguiu encarnar um olhar bondoso e um sorriso apaziguador que é a definição ideal para o alien que acaba se tornando um modelo de humanidade. A tranquilidade bondosa de Superman e sua ira passional quando aqueles que ama são postos em perigo revelam uma força gostosa de assistir e que é fiel ao personagem. Como o modo como suspira para Lois e diz calmamente que ela não tenha medo, e algumas cenas depois está esfregando a cara de Zod nos escombros e gritando: “VOCÊ PENSA QUE PODE AMEAÇAR A MINHA MÃE?”.
        Se Michael Shannon, Henry Carvill e Julia Ormond foram acertos, Amy Adams foi um tremendo erro. A mocinha não encarna a Lois Lane repórter investigativa, se concentrando em passar todas as cenas com os olhos marejados de lágrimas e os lábios entreabertos como se nunca tivesse visto um moreno de peitoral definido em toda a sua vida. É chato, é irritante, é vergonhoso. O romance antecipado entre os dois estragou a possibilidade de aprofundar a relação conturbada entre o casal mais famoso dos quadrinhos em uma continuação. Aquela não é a Lois determinada e ameaçadora que nós conhecemos e amamos.
Eu vou encerrar por aqui (são 3:20 da manhã) dizendo que você deve ver Man of Steel, e deve tentar se manter acordado nas cenas de ação exageradas porque vale a pena. Merece destaque o tratamento que foi dado para a capa do Superman. Pela primeira vez, além de um acessório do uniforme, ela é realmente um objeto de cena. Todos os movimentos da capa são sincronizados, majestosos. E o final do filme traz outra homagem que deve agradar aos fãs xiitas que não cansam de reclamar da falta de fidelidade aos quadrinhos. Se for possível, não veja em 3D. O filme simplesmente não tem 3D. NÃO. TEM. UMA. ÚNICA. CENA. EM. 3D. Não entendi a insistência em lançá-lo assim, masok.
Ah, e só mais uma coisa...

LEX LUTHOR, EU VI VOCÊ HEIN!!!!!





Essas são as melhores que consegui aqui na internet, mas ele aparece em outra cena com maior destaque. De óculos escuros, meio oculto entre a multidão que olha para a nave no céu pela janela de uma cobertura. Carequinha? Branquelo? Assistindo a tudo com ar superior? É o Luthor!

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2 Comentários

  1. Amanda T. says:

    Tô louca pra ver, mas só estréia aqui na minha cidade dia 12! BUAAAAAA amo Henry Cavill, tenho certeza de que ele fez jus ao papel!

    Beijokas
    escolhasliterarias.blogspot.com.br

  2. Jafé says:

    Faz tempo que devia ter vindo comentar. Antes tarde que nunca...

    O mais bem elaborado filme do homem de aço. Uma trilha sonora marcante (eu não acredito que ainda teve gente esperando ouvir o tema antigo...). A trilha especialmente combina de forma harmoniosa com a estrutura do filme.

    Em outra vertente, Zod é um dos vilões mais bem construídos que já vi no cinema. Não é um vilão cego, sem causa, que quer destruir a Terra por que quando criança não tomou sorvete de baunilha. Antes, ele é fruto do decadente sistema kryptoniano buscando de forma sincera a restauração do que perdeu. É até digno de misericórdia nas cenas finais de sua luta com Kal.

    Engenhosamente colocaram Kal em um dilema, que ao meu ver, foi resolvido da forma mais dolorosa: Este se sai praticamente como um traidor de sua raça.

    Mas nem tudo é grandioso no filme. O romance com Lois é fútil e dispensável. Me pergunto o porquê.. Talvez seja como li em uma resenha: o medo de que Kal não fosse cativante o suficiente preferiram enfiar goela abaixo essa frivolidade.

    O drama de Kal ao perder os últimos de sua espécie poderia ter sido mais bem explorado.

    Mas enfim, um filme que manteve minhas expectativas. Arretado como um xilito sabor buchada.

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