Resenha #10: Max e os Felinos
Em 1981, Moacyr
Scliar publicou Max e Os Felinos. Em 1990, o livro foi traduzido para a língua inglesa.
E em 2001, o canadense Yann Martel ganhou o prêmio Booker e 55 mil libras com o
seu livro Life of Pi. Foi apenas em 2002 que Moacyr recebeu um telefonema de
uma jornalista do jornal O Globo lhe
alertando sobre o plágio. Na verdade, as palavras que o autor usa em sua nota
no início da republicação do livro são “livremente baseado em um texto meu”,
mas depois de ler Max e Os Felinos acho que “livremente baseado” é muito leve. Life
of Pi é realmente um plágio.
O blog já fez
uma crítica sobre o filme, que você pode ler aqui.
O autor, já
falecido, antes de morrer gravou um vídeo falando sobre o plágio:
Em Max e Os
Felinos, o jovem Max é um alemão filho de um comerciante de peles. A loja,
"Ao tigre de Bengala", era decorada com um tigre empalhado que seu
pai havia caçado na Índia e que havia mandado empalhar. Desde a infância, Max
temia o animal a tal ponto que chegava a ter pesadelos. Max cresce, vira
amante da esposa de um líder nazista, e se vê obrigado a deixar o país quando é
descoberto. Ele acaba em um navio que tem como destino Porto Alegre, em um dos
países que mais lhe instigavam: o Brasil. O navio transporta apenas a
tribulação, Max, e um dono de circo com os seus animais. Mas no meio da viagem
o navio naufraga. Ao meio da confusão, Max consegue desamarrar um escaler – uma
espécie de bote salva-vidas – e lançá-lo ao mar. Dias depois, buscando no meio
dos destroços do naufrágio por algo que possa ser útil, Max acha uma caixa. Ele
a abre, e nada mais nada menos do que um jaguar
pula dentro do barco. Inexplicavelmente o animal não o come, e Max se vê
dividindo o seu pequeno escaler com a fera.
Essa é a
primeira e a segunda parte do livro, que é dividido em três capítulos: “O tigre
sobre o armário”, “O jaguar no escaler” e “A onça no morro”. Na última parte do
livro, Max é resgatado por brasileiros e aqui faz morada. Os marinheiros não
fazem ideia de sobre o que está dizendo quando menciona o jaguar, e depois de um tempo
Max começa a se perguntar se não fora fruto de sua imaginação. O jaguar foi
lentamente sumindo de sua mente. Mas não os nazistas. Paranoico, se muda para
Caxias do Sul, onde compra uma propriedade, se casa, tem uma filha. Ele volta
para a Alemanha quando a guerra acaba, e lá descobre que sua mãe está morta e o
pai enlouqueceu. Volta para o Brasil, e vê que estão construindo uma casa no
morro próximo à sua. Enquanto observa o novo vizinho por seus binóculos, tem
uma terrível revelação: aquele é o líder nazista que destruíra a sua vida.
Enquanto uma onça ameaça as suas terras antes tranquilas, Max forja a sua
vingança.
“Nos últimos anos de sua vida, Max dedicou-se à criação de gatos de raça. Max Schmidt morreu em 1977. Estou em paz com meus felinos, dizia em seus últimos dias, e ninguém sabia exatamente o que queria dizer. Mas era aquilo mesmo: Max estava, enfim, em paz com seus felinos”.
Life of Pi
O livro de Yann
Martel é uma cópia do fim da primeira parte e início da segunda – as que tratam
da saída de seu país natal, o naufrágio, e a sobrevivência no mar na companhia
de um animal que pode ou não ser fruto de sua imaginação. O próprio autor
alegou que a história foi baseada em outra que havia lido, e que segundo ele
era “uma boa história, de um escritor ruim”.
De resto, Life
of Pi e Max e Os Felinos são livros muito diferentes. Os objetivos dos autores
não têm absolutamente nada em comum: Max e Os Felinos é um livro político,
abrange o nazismo, socialismo e a ditadura militar. Life of Pi é uma história
espiritual. A cópia está estritamente no ambiente, que é mesmo exatamente
igual.
Não li Life of
Pi, mas adorei o filme, e Max e Os Felinos é um ótimo livro. Recomendo ambos.
Na republicação do livro em 2001, Moacyr Scliar gasta as primeiras 34 páginas
falando sobre o livro de Martel, e fez questão de listar todas as diferenças
entre as duas obras – uma atitude bastante digna. Ele não moveu qualquer
processo contra o autor canadense.
Renata Nolasco.
Como faz pra eu me casar com a Renata?
Casa, comida, roupa lavada e nenhum juízo.
Gostei a resenha.
O livro do Moacyr é bom, a história é curtinha e te prende. Ele aborda diversos assuntos políticos que me interessam e achei bem legal o autor ter dedicado algumas páginas do livro a falar sobre o plágio.
Eu li Max e os Felinos hoje e pretendo começar agora as Aventuras de Pi.
esse fundo...eu tinha um papel de presente com esse fundo, só que os desenhos eram dourados e o fundo branco.
É que o blog também trabalha com papéis para presente -n
o livro e legal o filme e uma bosta