Crítica #4: Cloud Atlas (A Viagem)



            A única coisa que eu sabia sobre Cloud Atlas quando fui assisti-lo era que Tom Hanks e Hugo Weaving (dois queridinhos meus, diga-se de passagem) estavam no elenco. Então, quando os pratos começam a cair em câmera lenta em uma belíssima e libertadora cena muda, eu soube: esse é um filme dos irmãos Wachowski (trilogia Matrix e V de Vingança). Esses dois nunca conseguem fazer um filme sem uma belíssima cena em slow motion – e dificilmente conseguem fazer um filme que não seja belíssimo.

Robert Frobisher, o compositor prostituto, e Sixsmith, a quem ele amou.
Sinopse oficial:
O poderoso e inspirador épico Cloud Atlas explora como as ações e consequências do impacto de vidas individuais entre si durante o passado, o presente e o futuro. Como uma alma é moldada a partir da transformação de um assassino em um herói, e quando um único ato de bondade se transforma em ondulações através dos séculos para inspirar uma revolução.

Trailer:


            Cloud Atlas é um filme sobre carma, vidas passadas e como as ações de uma pessoa ecoam no tempo. O filme mostra uma série de personagens que se encontram de novo, de novo e de novo, desde o século 19 até um futuro pós-apocalíptico. E nem sempre sob as mesmas circunstâncias: mocinhos viram vilões, vilões viram mocinhos, homens viram mulheres, mulheres viram homens, e amores se transformam.  Sixsmith vê a marca de nascença (um cometa) de Forbisher no ombro de Luisa Rey, mas sabe que ela não é o seu velho amor. Através das gerações, é sempre isso que os marca: um cometa tatuado na pele.
            O filme é tecnicamente perfeito, com lindas cenas de computação gráfica, especialmente no arco que se passa em Neo-Seul em um futuro pós-apocalíptico, e cenários florestais de encher os olhos. É o tipo de filme que ficaria lindo em 3D. Destaque para a maquiagem dos atores, que tiveram que mudar pelo menos quatro vezes de uma geração para a outra e até viraram asiáticos. A filmagem em que o carro de Rey cai no rio, filmada de dentro do veículo – uma tomada em slow motion ao mesmo tempo simples e complexa – faz você respirar um: uau. O roteiro (que eu achava ser uma história inédita, mas é uma adaptação de um romance homônimo) é como não tinha visto no cinema desde A Origem, de Christopher Nolan: uma história de ficção que não economiza na inteligência e criatividade.


            Cloud Atlas é emocionante, interessante. Trás histórias de amor, de ódio, desilusões, ambições, investigações policiais, conspirações, comédia e amizade; tudo isso há muito tempo predestinado pelas pessoas que fomos em outras vidas e por aqueles que nela conhecemos. E tudo isso ao mesmo tempo. Mas como nem tudo é perfeito o filme tem duas falhas: se alonga demais, com quase três horas de duração, e o final deixa a desejar. Muitas vezes durante o filme, por mais maravilhada que estivesse com a história, me dei conta de que o roteirista teria sérios problemas com a conclusão. E ele teve. Ao longo do longa estão despejadas inúmeras frases de efeito que interligam as gerações e dão uma sensação de falso final, o que faz o filme de 2h52min parecer ainda mais longo do que já é, e o final verdadeiro parecer só mais um falso final. Mas não é nada grave o suficiente para apagar o brilho do filme. Vale muito a pena assistir.
São contadas seis histórias completamente diferentes simultaneamente, que no fim se interligam. No começo, a narrativa acelerada pode e é confuso para o telespectador menos atento. Conheça os núcleos e não se confunda quando for assistir:

Ilhas do Pacífico, 1849

Adam Ewing é um jovem advogado americano sofrendo de uma doença terminal: ele tem um verme em seu cérebro. Felizmente, o sogro contrata um especialista, que irá tratá-lo em sua viagem de volta para casa. No navio, um negro que mais cedo Adam viu sendo chicoteado se esconde em sua cabine. “Como sabe que seremos amigos?”, pergunta Adam, ao que Autua responde que os olhos são tudo de que ele precisa.


Cambridge, 1936

Robert Forbisher, um compositor bissexual com uma péssima fama (“esconda os talheres de prata”, é o que dizem sobre tê-lo em sua casa), consegue emprego como assistente de Vyvyan Arys, um gênio da composição que há anos não faz música devida a sua velhice. Forbisher quer ajudá-lo a fazer a sua obra prima, enquanto escreve cartas para o seu amado Rufus Sixsmith.


São Francisco, 1973

Rufus Sixsmith, já velho, conhece no elevador a jornalista Luisa Rey. O cometa que a mulher tem no ombro parece explicar porque Rufus se sente tão confortável ao lado dela. Sixsmith diz que tem algo importante para dizer para Luisa Rey, mas quando ela chega em seu apartamento Sixsmith está morto. “O que o meu pai faria?”, se pergunta Luisa, e embarca em investigações sem titubear.


Londres, 2012

Timothy Cavendish é o editor de Dermot Hoggins. Quando Dermot mata um crítico literário em uma festa, os livros vendem aos montes e Timothy fica rico. É quando os parceiros de Dermot aparecem exigindo sua parte do dinheiro. Timothy recorre ao irmão, que o engana e tranca em uma espécie de asilo-prisão.


Neo-Seul, 2144

Sonmi-451, uma humana artificial que era escravizada por uma empresa de fast-food, da sua última entrevista em forma de um lindo depoimento antes de ser executada.


Ilha do Inverno, 106 anos após A Queda

Zachry vive em uma ilha primitiva, povoada por um povo canibal, e confronta continuamente um demônio que vive em sua cabeça. A ilha é visitada por uma Prescients (povo com tecnologia avançada), chamada Meronym. Meronym revela que os Prescients estão morrendo e ela precisa mandar um sinal de socorro do topo de uma montanha, que o povo da ilha pensa ser a morada do diabo.





















O Cometa pelas Gerações


Zachry, Sonmi-451, Timothy Cavendish

 Luisa Rey, Robert Frobisher, Adam Ewing



NOTA: 

Renata Nolasco.

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Comentários

  1. Unknown says:

    Antes de tudo, amei o novo Layout!
    Não conhecia muito disso... Ótimo post
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias
    http://livroterapias.blogspot.com.br/

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