Crítica #2: O Hobbit, Uma Jornada Inesperada


            Sabe aquela sensação de ir ao cinema sabendo que está tendo a oportunidade de assistir um clássico, que continuará sendo assistido por anos, décadas e talvez séculos adiante? Sempre me perguntei como seria essa sensação, até que foi anunciado que O Hobbit seria filmado. E quando você está lá sentado, e sobe a trilha original de O Senhor dos Anéis, e Bilbo aparece na tela, então Frodo... Uau! É de arrepiar.
            Mas quando o filme acaba, você sabe que O Hobbit não será um clássico. Na verdade, você se pergunta o que eles vão colocar nos próximos dois filmes, pois os protagonistas já estão até vendo o destino final de sua jornada.
            Tudo bem, vamos até uma análise mais profunda do filme até a conclusão de que O Hobbit não é o novo O Senhor dos Anéis.

·         A História – (CONTRA)

Em O Hobbit: Uma Jornada Inesperada, Bilbo Bolseiro, treze anões e Gandalf, o Cinzento, partem em uma jornada para recuperar o ouro dos anões e seu antigo reino de Erebor, que foi tomado pelo dragão Smaug. O Hobbit foi escrito por J.R.R. Tolkien para seus filhos como uma história infantil.
Já fica claro aí que não há como O Hobbit ser sequer parecido com O Senhor dos Anéis. É claro que todo mundo ficou animadíssimo com o fato de ser a mesma equipe trabalhando no filme, que é a saga de maior sucesso entre público e crítica, mas O Senhor dos Anéis é sobre a destruição da Terra Média, é sobre todas as raças se unindo contra o maior inimigo que aquelas terras já enfrentaram, não sobre anões tentando recuperar seu ouro.
Não tem a mesma carga dramática. O mundo vivia uma época de paz, a Terra Média não via guerras há séculos. O Hobbit é sobre uma jornada dos anões e de ninguém mais. Não é épico.

·         Três livros, três filmes. UM livro, TRÊS filmes? – (CONTRA)

Quando foi anunciado que O Hobbit teria dois filmes, muita gente já se espantou. E com três então, veio a certeza de que a trilogia foi feita por apenas um motivo: DINHEIRO. O próprio Peter Jackson tinha anunciado incontáveis vezes que nunca filmaria algo como O Senhor dos Anéis de novo, e, no entanto, lá está ele.
O Hobbit não tem conteúdo suficiente para três filmes, ele é na verdade um dos livros mais curtos do Tolkien. Eu contava com Peter Jackson para unir alguns elementos da mitologia de Tolkien à O Hobbit e enriquecer a história, mas isso não aconteceu. É apenas... uma aventura na Terra Média. Lord of The Rings with cheese.

·         Anões como Enfeite de Cena e Alívios Cômicos – (CONTRA)

Essa é autoexplicativa. De todos os anões, os únicos que tem alguma importância (leia: você lembra que eles estão ali) são Thorin, Balin, Bofur, Fili e Kili. Talvez ainda Bombur, Ori e Dwalin, mas são cenas consideravelmente menores. De resto, eles podiam simplesmente nem estar ali que você não notaria.
Ah, e o que mais me irritou nesse filme foi: alívios cômicos. Os anões cantam, arrotam, soltam puns, fazem piadinhas o tempo todo. Quase uma Branca de Neve na Terra Média. Do meio para o fim o filme parece que vai achar seu rumo e esquecer as piadas, mas elas sempre voltam nos momentos mais inoportunos.

·         Fotografia e Efeitos Especiais – (PRÓ)

E tinha como não ser perfeito? Rivendell está mais bonita do que nunca, O Condado é simples e aconchegante, Erebor é linda de morrer. A coisa é bela, palpável e brilhante, de encher os olhos. Oscar de Efeitos Especiais é muito possível. O filme é lindo, paisagens maravilhosas, e tomadas áreas de tirar o fôlego. Sabe a clássica corridinha da Sociedade do Anel em fila indiana sobre as montanhas? Ela está aqui de novo.

·         Ação – (PRÓ)

Pancadaria é o que não falta. O Hobbit não para nunca, não é um filme arrastado como O Senhor dos Anéis. Quando eles finalmente descansam da última peleja, lá vem um novo problema. Mas o problema dos problemas é: Gandalf sempre aparece no último momento para resolver tudo. Contudo, isso é algo que dá pra ignorar facilmente e apenas curtir as batalhas épicas. Destaque para o flashback da luta dos anões contra os orcs, uma das cenas mais bacanas do filme.

·         Se Chorei ou se Sorri, o Importante é que a Terra Média Eu Revivi – (PRÓ)

O grande lance de O Hobbit não é a história de Bilbo Bolseiro (céus, claro que não, quem quer saber se os anões vão recuperar seu maldito tesouro e matar um dragão?), o sentimento é poder estar de volta ao mundo da Terra Média. É ver Frodo outra vez, Legolas, Elrond, Galadriel, Gandalf... Entender como o Um Anel foi parar nas mãos de Bilbo, então nas de Frodo, e como toda aquela “epiquissidade mais do que épica” aconteceu. A graça de O Hobbit é usá-lo de complemento para entender a Saga do Anel.
Para os fãs, por mais que tenham se decepcionado por não encontrar em O Hobbit toda a beleza de O Senhor dos Anéis, o filme ainda vale a pena pela oportunidade de viajar pelos reinos de Tolkien outra vez.



Conclusão:

O Hobbit é um filme bom, mas não é ótimo. Excelentes cenas de luta, linda fotografia, mas muitos alívios cômicos e pouca arte. Destaque mais do que merecido para Thorin Escudo de Carvalho, que parece ser o único anão consciente de tudo o que está em jogo naquela jornada e é, de longe, o melhor personagem do filme. Vale a pena assistir, mas não esperem ver algo tão grandioso quanto foi O Senhor dos Anéis. Oscar? Só nos quesitos técnicos, ainda perigando passar batido.
Os fãs vão adorar os easter eggs que ligam o filme com a trilogia do anel – o que, aliás, podia ter sido melhor explorado.

Nota: 4 ursinhos

Renata Nolasco

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7 Comentários

  1. Unknown says:

    Bela crítica!! Muito bem feita... Concordo com tudo.. Só que ainda não assisti o filme. Ouvi boatos de que o filme não é tão fiel ao livro, o qual estou lendo. Mas nem tudo é perfeito né.. Parabéns pelo blog!

  2. Unknown says:

    O filme é muito parecido com o livro sim, e é bem mais fiel do que a trilogia do anel. Ao menos eu achei... Até as músicas foram inclusas, algo que não tinha acontecido antes. Corra para ver o filme rápido então, e obrigada! :D

  3. Unknown says:

    Morta de vontade de assistir!
    hauahauahau

    Amei o post!
    Beijos
    Rizia - Livroterapias
    http://livroterapias.blogspot.com.br/

  4. Eu gostei bastante do filme quando assisti. No início, o Peter Jackson não ia dirigir "O Hobbit", sabia? Ele tinha passado o papel para Guillermo Del Toro (não sei como escreve o nome dele). Mas deu algum rolo que ele voltou a dirigir e Del Toro ficou só como assistente (tem o nome dele nos créditos, inclusive hahaha).

    Acho que exatamente por esse ser o livro mais fino de Tolkien - e o livro em que somos apresentados à Terra Média - foi uma boa escolha tê-lo dividido em três. Assim, o filme fica bem mais fiel ao livro (dá para colocar mais detalhes), e conhecemos melhor os personagens.

    Já em relação à 'inutilidade' de alguns anões, concordo plenamente. Tirando os que você citou, não me lembro quase nem da cara dos outros (já vi "O Hobbit" duas vezes, e na segunda vez já tinha me esquecido da cara de alguns!).

    E, quanto a ver um futuro clássico no cinema, eu acho muito legal! Vi a 'nova' trilogia "Star Wars" inteirinha no cinema (o "A Ameaça Fantasma" foi o primeiro filme legendado que eu consegui acompanhar, fiquei super feliz). Acho muito divertido você poder chegar, no futuro, para seus filhos e netos e falar "Olha só, assisti esse filme no cinema!" (vou me sentir velha hahahaha).

  5. Unknown says:

    Sim Andrea, eu estava sabendo que o Del Toro ter sido cogitado para a direção de O Hobbit, e fico muito feliz e ALIVIADA que não tenha efetivado no cargo, porque se com Peter Jackson foi assim, imagina com o Del Toro! XD Del Toro como diretor é um ótimo diretor de arte.

    Obrigada pelo seu comentário e por acompanhar o blog, abraços!

  6. Eu já assisti duas vezes, pretendo uma terceira... e tipo AINDA não li nenhum livro do Tolkien, e tenho eles e tals e os DVDs do Senhor dos Aneis, mas sempre durmo no filme..nunca achei legal mas sempre com a mente aberta de que um dia eu irei gostar.
    Dai vei O Hobbit e quebrou minha cara, eu simplesmente amei o filme, por que não é só aquela coisa "vamos fazer uma coisa épica", claro tem isso, mas adorei como ele envolveu isso com humor e descontração =D

    Parabéns Renata ^^

  7. Unknown says:

    Em quesitos técnicos, de história e todo o resto, O Senhor dos Anéis é muito superior a O Hobbit! Acho que devia sim tentar ver os filmes de novo... xD Mas sim, O Hobbit é mais dinâmico e divertido do que a saga do anel. Muito mais. Infinitamente mais. É um filme mais "pipoca".

    Obrigada pelo comentário Brendo ;)

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